21 de fevereiro de 2010

adenda ao post anterior

O último comentário a fazer sobre o Fassbinder é que ele quis fazer filmes como se fosse um prosador americano: vigoroso, insensível, instintivo, físico - muito embora a natureza dos problemas de seus filmes seja bastante européia, assim como a natureza de sua descrença. Seus filmes dizem: "Não há nada além do mundo. Não existe metafísica ou uma verdade real, é tudo um completo teatro." É afirmar que não há mesmo uma verdade real em nada, nem no drama ou na teatralização. E a afirmação ganha pontos de exclamação ao defender essa idéia de forma negativa, moralista, grave e final. É uma tentativa afinal de ser cruel.

A minha conclusão é surpreendente: seria cretino da minha parte rejeitar a interessância (meu deus, como eu gosto dessa palavra) do Fassbinder porque o mundo que ele vê é um mundo que eu não suporto. No final de qualquer argumentação, a gente acaba assumindo que é simplesmente uma questão de interesse, e que esse interesse tem a ver com a forma como eu prefiro ver o mundo, e que definitivamente não é o mundo de Lágrimas Amargas de Petra Von Kant.

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