24 de fevereiro de 2010

temas importantes, pertinentes

Amor. Um amigo veio comentar que recebeu um e-mail da ex-namorada perguntando "o que foi tudo isso que vivemos e quem foi você nisso", com essas palavras. Eu disse pra ele que eu não queria nem falar sobre isso, que ele sabia que eu já fiz esse papel (sintam o Senhor Damasco, o Fracassado e o Desapontado falando mais alto) e que só a possibilidade de relembrá-lo me fazia ter vontade de desmaiar.

De fato, ele está numa emboscada. Porque ele precisa ser paciente sem dar qualquer margem de esperança. No entanto, se ele não dá qualquer margem de esperança, ela vai achar que ele está sendo frio e insensível com o que eles tiveram. Por outro lado, se ele dá alguma margem de esperança, ele está iludindo a garota. Aí eu disse pra ele "Não tem jeito, você precisa encontrar uma terceira margem." Mas o que seria essa terceira margem? Talvez isso seja mesmo um problema sem solução.


Viagens. Eu não entendo como em pleno séc. XXI (poxa, o mundo vai mudar todo em 2012, vocês sabem), nós ainda precisamos nos preocupar com coisas como "fazer malas" ou "fazer check-in". É por essas e outras que o mundo é absurdo, sabe?


Pessoas. Eu passei praticamente três meses sem sair do meu quarto, com exceção de viagens e de algumas saídas ocasionais. No entanto, pessoas de outras cidades são mais uma atração turística, um ornamento da própria cidade. Eu tenho uma curiosidade saudável e positiva por elas, porque elas são humanas, podem me dar uma experiência humana, sem eu precisar refletir sobre o peso que significa essa humanidade.

O mesmo acontece com as pessoas que eu vi nas minhas saídas ocasionais. O peso de suas presenças é algo passageiro e até prazeroso: são como uma pizza que eu como a cada três semanas. Digo, não vai me engordar.

Acontece que, com o retorno das aulas, eu preciso lidar com a obrigatoriedade de ver pessoas, de falar com pessoas e, ocasionalmente, gesticular para elas. É uma tragédia isso: ser obrigado a sair de casa e dizer "oi". É uma circunstância social absurda da qual eu não posso fugir. Só não é um desastre porque eu não tenho visto dessa forma, eu procuro não ver como uma obrigatoriedade, e porque afinal eu gosto de ir para a faculdade. E porque tenho amigos e professores que também pensam assim, e respeitam. Eles encaram isso de forma saudável, como é para ser encarado (ou nada ia funcionar), mesmo sem nunca termos conversado a respeito. E são as pessoas com quem eu me dou melhor. Mas se eu páro e reflito sobre essa "obrigatoriedade", nossa, o mundo é mesmo um lugar esquisito.


Tabagismo. Eu não fumo, mas adoro fumantes. É uma forma física e direta de rejeitar o mundo físico, sem balela e sem discursos espirituais. A pessoa diz "Eu fumo" e pronto.


Criatividade. Ali do lado vocês vêem que em fevereiro de 2010 (OU SEJA, ESTE MÊS) existem 10 posts. É a mesma quantidade de posts de junho de 2009 a janeiro de 2010 (FAÇAM AS CONTAS, SÃO TIPO 8 MESES). Considerando que a unidade "fevereiro de 2010" pode ser subdividida: um breve momento de 2 posts num isolado dia 14, e o restante de 8 posts razoavelmente longos num período de menos de uma semana (ESTA SEMANA). Quem me conhece ou quem vê os números dos arquivos só pode pensar que eu perdi a compostura editorial e liguei o foda-se (nossa, que expressão deselegante.)

Mas isso não é verdade. Tudo o que eu postei nessa semana foi fruto de muita reflexão, releitura e alteração (inclusive depois de postado, então: confiram!) O que explica isso? Eu não sei. Eu só não aceitei ainda jogar o computador e o caderno pela janela, porque a estatística mostra que essas fases passam mais do que ficam e, portanto, eu devo aproveitar. (Que construção estúpida; se "ficasse", não seria uma "fase". Mas bom.)

O que me faz queimar neurônios, no entanto, é perceber que, contra a ocorrência ou não dessas fases, por mais que eu queira argumentar o oposto, eu não tenho muito controle. Isso é claro: nós temos fases. Mas o porquê de elas serem tão instáveis é algo que me faz erguer misteriosamente a sobrancelha. Bom, outro dia eu pedi comida chinesa e veio a seguinte mensagem no meu biscoito da sorte: "A mudança corresponde sempre a uma necessidade real." É a metafísica do yakissoba.

3 comentários:

lulu disse...

tenho um pouco essa sensação de pessoas como ornamentos na cidade em que estou agora; o estranho é que não sou uma turista aqui, moro aqui. talvez seja esse o motivo pelo qual, cada dia mais, gosto de estar aqui.

Luciano disse...

Eu também me sinto assim, né, mesmo estando aqui. Eu também não entendo o porquê, vai ver a metafísica está me transformando num turista na minha própria cidade. A metafísica é fogo.

lulu disse...

"Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates."