6 de setembro de 2009

When Garbo walked out of the studio, glamour went with her, and so did I

Acompanhem minha historinha: era uma vez Beatriz, gerente de banco, quase uma trintona, leitora da Nova e frequentadora de bares de samba ou de "música diversa". E João, seu tímido namorado, estudante de administração, uns 22-0u-23 anos. Conheceram-se há 4 meses e então possuem o que poderia ser compreendido como uma relação séria, estável, companheiresca, etc. Um dia, João, emocionalmente volúvel, como sabíamos, conhece uma outra garota - no trabalho, digamos, estagiária-de-direito que fazia uma pesquisa na mesma empresa em que o rapaz de nossa história trabalha. Conheceram-se de alguma forma vulgar, combinaram uma cerveja e viveram uma espécie de romance por 1 mês - até que Beatriz descobriu tudo, logo que os flagrou comendo um churrasquinho, de mãos dadas, num restaurante. Chorou por uns dias e aos poucos voltou às atividades cotidianas.

Beatriz poderia ter ofertado um sacrifício a Hades em troca de uma boa maldição para João ou João poderia ter se remoído de arrependimento e arrancado os próprios olhos para que nunca mais visse a luz do sol. Beatriz poderia ter tido convulsões ou quebrado todos os pratos do restaurante. Poderia ter cravado um garfo no peito de seu amado e depois em seu próprio. A amante soltaria um grito de horror e correria para fora do estabelecimento. Ou um grande estouro poderia ter matado a todos. Oh, que delícia seria! Mas nada disso aconteceu, e se nada disso aconteceu - e, pior, eu não estava lá para ver - foi justo eu ter passado algum tempo sem postar.

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Foi quando eu estava sentado na poltrona de couro que meu pai usa para tomar whisky, e vi escrita a seguinte frase numa folha "Acidente de carro mata 5 pessoas. Todas eram de menor" - e na minha cabeça construí o resto do sintagma: "Um dos passageiros era uma garota de 17 anos grávida de gêmeos" ou "Mãe do motorista arranc...", não, essa já foi, "Mãe do motorista toma medicamentos para suportar a dor e morr...", não, muito Michael Jackson... Não consegui solucionar um fim suficientemente interessante para a mãe do motorista, então logo notei o envolto da frase inicial e notei que se tratava da capa de um jornal. Um dia alguém me disse que tragédias só são bonitas dentro do teatro. Mas o que existe fora do que é o teatro eu não sei. *cruza as pernas*

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Minha última encomenda:


"It was because of Garbo that I left M-G-M. In her last picture they wanted to make her a sweater girl, a real American type. I said, 'When the glamour ends for Garbo, it also ends for me. She has created a type. If you destroy that illusion, you destroy her.' When Garbo walked out of the studio, glamour went with her, and so did I."

(Gilbert Adrian)

2 comentários:

Caio Marinho disse...

Que tal "Desolada, mãe do motorista dança um tango argentino"?

Muito anos 30?

Luciano disse...

Eu curto ^^