1 de julho de 2008

um post contra a ambição

só temos, quando muito, uma única chance pra ler um livro na vida. dependendo da alma, duas. se a qualidade do livro for duvidosa, talvez umas três. pessoas que gostam de comprar 10 livros de uma vez acabam se acostumando que só vão ler uns 5 ou 6 e depois vão comprar 4 outros. os 4 não lidos da compra antiga estão mortos. não que você não possa tentar, mas muito provavelmente não vai conseguir. aquelas letras vão todas fazer um sentido bobo ou nenhum sentido. se você quer escrever sobre determinado assunto de uma determinada forma, também só há 1 ou 2 chances ao longo da vida, e ela se esvai na hora em que você cai pro lado e dorme. aparentemente, então, não há muito o que ser feito, o que ser coordenado.

se uma pessoa dedica cinqüenta anos à literatura, é possível que o sentido de tudo isso só tenha se dado uma vez, e bem no comecinho. é possível que ela saiba menos sobre arte que meu abajur sabe, em segredo. em termos quantitativos, é irrelevante dizer, também, que ela não conhece nada, por melhor e dedicada que seja.

mas isso não é um post sobre desesperança. quem quer que seja, há ainda a chance, dizem, de encarar a luz de frente, mesmo que não por muito tempo. uns 10, 15 segundos, por aí.

0 comentários: