8 de julho de 2008

sobre composição e repercussão

um dos pontos curiosos de escrever em um blog é a inevitável (e, muitas vezes, indestrutível!) imagem que é formada pelos leitores. quem me ver por aí vai lembrar de quando eu falei de sombreros, de alguma opinião propositadamente exagerada, das vezes que citei oscar wilde - é possível que me procurem em oscar wilde (ehr), então a solidificar essa imagem que eu mesmo projetei. eu poderia me preocupar com o fato de que, compartilhando meus heróis e assinalando algumas linhas, eu estaria por demais exposto, por demais sincero, mas não. digo, porque não acontece - teria como acontecer, por mais que eu me esforçasse? enquanto isso, continuo aqui, sentado ao computador, tecendo fio por fio, por detrás de máscaras venezianas.

é possível que existam três formas de pensar: a primeira delas seria pela abstração, pela generalização, pela supressão dos pormenores em prol de grandes equações, característica, talvez, da filosofia; a segunda seria o oposto, a retenção e fixação em detalhes, em cada efeito, cada cor, claramente pertencente à literatura. (que existem pessoas que gostam de literatura "pensada" de forma filosófica, e vice-versa, é inevitável, mas não é disso que quero falar.) além disso, tenho de modo muito claro pra mim que os deuses contêm as duas formas, quem sabe ao mesmo tempo.

a terceira é só um desdobramento - para alguns, inseparável - da segunda: pela ficção. não basta se fixar nos detalhes; é preciso construí-los, ficcionalizá-los. para isso, temos um leque de caminhos, dos mais diversos materiais e ferramentas. daí, então, basta dizer Olá.

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