14 de abril de 2010

medéia

A tragédia de Medéia, muito maior que a de ter assassinado os próprios filhos, é a consciência de que a causa nobre na qual havia insistido em sua vida de nada lhe serviu. Medéia não é culpada de nenhum crime que havia cometido, era o amor por Jasão que comandava seus feitiços e perfídias. O amor é a nobreza de Medéia, sua única seriedade, acima de qualquer ordem do mundo dos homens. Ao ver que sua única causa é arrastada pela vulgaridade terrena, incluindo a do próprio marido, comete seu único crime: o de querer levar todo o resto à ruina para justificar seus desapontamentos, e de sentir prazer em ver desmoronando o que construiu. Tão engrandecedora é a carnificina de sua vingança quanto triste. Quer dizer, às vezes acho que é mais engrandecedora que triste; doutras, que é mais triste que engrandecedora. Ainda mais! Há dias em que penso que é apenas engrandecedora e nada triste e, noutros dias, em que estou chique e moralista, já penso que é apenas triste e nada engrandecedora. Hoje eu não sei o que pensar, pois estou fatigado.

2 comentários:

Clara Crepaldi disse...

it's not us, it's you

Luciano disse...

it's it's it's not us! it's not us! pam pam pam