5 de maio de 2009

good morning, super pig

O problema do obsessivo é que ele só é feliz ou "aturável" para si próprio quando possui algo com que possa, digamos, "distrair-se". Um obsessivo sem objeto é como uma poderosa matéria bruta sem força.

O problema do hipocondríaco é que, se a hipocondria existe, e se declaradamente atinge tanta gente, é porque talvez algo nela realmente faça sentido.

Mesmo assim, um obsessivo preso a um jogo, como um cão a um osso, não está numa situação menos desesperadora do que se não estivesse. Nem o hipocondríaco, se preso a alguma paranóia. Ou paranóicos em geral.

Não é por causa disso (até porque tenho uma cabeça muito tranquila e talz), porém, que eu me recuso a ler qualquer notícia sobre essa gripe - oh, que nome detestável! - suína. É certo que não consigo pensar em nada mais humilhante que morrer por algo que se originou em, ehr, porcos. Em todo caso, não morrerei. Caso aconteça, meus biógrafos do séc. XXII serão atentos em dizer que, na verdade, não se sabe a data exata da minha morte, que fiz uma viagem à Índia e de lá não voltei. Ou que vivi até aos noventa, deteriorando-me até a exaustão e ainda assim produzindo poemas sobre desertos e pandas-vermelhos. Ou que fui assassinado a facadas por um anônimo - o que gerará comentários, naturalmente. Teatro se faz assim: criando as cenas e dividindo em Ato I, Ato II, Último Ato. Ou São Sebastião não sabia que sua morte a flechadas seria alvo de metade dos quadros do Renascimento? Bom, aceito de quase tudo, menos que digam que morri por infelicidade dessa peste fedorenta.

(Por outro lado, se essa peste dizimasse um terço da população, não seria apenas um acerto harmônico, mas também proveitoso para a natureza. Falo como biólogo. Como cidadão de bem que sou, também seria bom. As pessoas que aproveito não lotam uma cabine individual de telefone. Ou lotam e ficam apertadinhas, hihi. Hmmmm.)

Mas me disseram por aí que já houve alguns casos confirmados no Brasil, sim. Lembro de ter lido "75", e eram pessoas espalhadas por todos os estados. Não é assim que chamam, uma pandemia? Se aqui acontecer como no México, em cerca de semanas, não vai restar uma alma penada para ler meu blog. Só eu e o Afrânio, meu amigo imaginário.

Volto aos estudos. Mas visitarei a banca de revistas no final de semana. Atento sempre para o próximo estouro mundial. Quem sabe um acidente de avião dos bons. Lá terei assunto para um futuro post. Se nada acontecer, não sei. Comprem a Vogue.

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