9 de março de 2009

these lips will find strawberry wine

Existe coisa mais caricata que ser um defensor do rock? A pessoa que gosta de rock, em algum ponto dos finais do séc. XX, passou a ser tida como uma caricatura tão definida como, até uns anos antes disso, os tiozões que gostavam de jazz ou os adolescentes entusiastas de Mozart. O que, aliás, não mudou muito - não consigo pensar em tipos mais caricatos no mundo da música (se bem que, o que sobrou? Clubbers? Gente do reggae?).

Porém, o rock tinha dessa coisa jovial e transgessora de estilos que, levada ao extremo, acredito, tenha seduzido os adolescentes dos finais do séc. XX e começos do XXI a rejeitarem o confortável veludo do cânone do rock (David Bowie? Beatles?) e a se enveredarem por bandas obscuras suecas ou mulheres de cabelo suspeitável. (Isso enquanto acompanhavam, inconscientemente, todo o apego mundial pela destruição do cânone, né. Ou melhor, da sua transformação ou inversão: o cânone virou a maior distância que possuía do seu antigo centro com uma desculpa boba de que o cenário estava descentralizado. Mas como gostar de uma coisa sem um ponto de referência?) (Olhar profundo). No entanto, essa tentativa acabou por desagüar numa outra caricatura. E seu lugar-comum domina os palcos da MTV e indies paulistas.

Enfim, eu não queria escrever sobre nada disso. Apenas estava ouvindo uns eps do My Bloody Valentine e me deu vontade de escrever sobre sem parecer que eu queria falar que sou "um resíduo da era shoegazer" ou que sou sujinho ou que tenho piercings. Deixo claro: vou uma vez por mês ao cabeleireiro, corto as unhas, uso uns sabonetes especiais para as mãos. É preciso lutar contra os calos que a musculação quer me dar. E ontem comprei dois pares de sapato. A eles, escreverei um longo post em seguida.

2 comentários:

Anônimo disse...

Pior que um defensor do rock é um defensor dos cânones do rock, que acham que tudo o que veio depois é derivação rasteira. Pode até ser, mas todos eles perdem a razão quando montam bandas covers de beatles e stones, são contratados por bares até então legais, e aumentam a taxa de consumação em absurdos 5 reais. Não bom isso.

Luciano disse...

Indeed, Tiago, indeed.